terça-feira, 20 de março de 2007

Juventude Eterna

Existem situações que muitas vezes me deixam a dar voltas e voltas à cabeça, perdido em pensamentos profundos, sem que alguma vez tenha conseguido arranjar uma resposta plausível para as perguntas que coloco a mim mesmo.
Uma destas situações ocorreu há relativamente pouco tempo, numa qualquer sexta-feira do mês de Fevereiro. Decidi escrever sobre ela porque penso que o leitor se vai também lembrar de uma ou duas situações idênticas que tenha vivido, e que provavelmente o deixou com pensamentos parecidos com os que tive na altura. Pois bem, está na hora de explicar o que se passou:

São dezassete horas e, tal como em muitas outras sextas-feiras, embarco numa aventura sempre imprevisível e, até certo ponto, perigosa. Depois de sair do comboio, na estação de Sete-Rios ( para quem não se lembra ou para quem está com dúvidas onde esta se encontra: sim! É em Lisboa! ), transporto com certa dificuldade os meus pertences, devidamente arrumados dentro da mala, para a estação da rede-expressos. Até aqui tudo bem, mas ao entrar dentro do autocarro, que me transportaria alguns minutos depois para a minha cidade natal ( sublinho: cidade natal ), acabei por abrir a caixa de pandora da tortura auditiva ( mais à frente, o leitor perceberá porquê ). Procuro o meu lugar e sento-me, depois de arrumar a mochila na prateleira que se encontrava por cima do banco, e reparo que no banco exactamente em frente ao meu se encontram duas senhoras de idade avançada, ou, pelo menos, reformadas, e também que, no banco exactamente atrás do meu, se encontra um senhor vestido de fato e gravata, aparentemente um "homem de negócios". É então que o autocarro é posto em andamento, e começo a ouvir ( como se fosse possível não ouvir, dado o volume de som que produziam) um diálogo aceso entre as duas senhoras à minha frente. O diálogo era, resumidamente, algo do género:

Senhora 1: "Então como está? Já está melhor das dores?"
Senhora 2: "Ai! Nem queira saber! Isto está cada vez pior! Ainda agora vim da clínica fazer uns exames que a Dra. Fernanda me pediu."

E aqui está! O diálogo sobre reumático, hemorróidas, dores de cabeça, gripe, fisioterapia, endoscopias e radiografias ( entre muitas outras doenças e testes médicos que eu não me recordo, e muitos outros que nem conheço ) acompanhou-me durante toda a viagem, e toda a vez que o autocarro parava em alguma localidade, a esperança de que as duas senhoras ( ou uma delas, pelo menos ) abandonassem o autocarro crescia, para logo se desvanecer, ao constatar que nenhuma delas sequer se levantava do banco.
Passados cerca de noventa minutos, e depois de já saber quase todo o historial médico das duas senhoras, oiço um ruído estranho, proveniente do banco onde estava sentado o tal "homem de negócios". Olhando de relance para esse mesmo local, constatei que o senhor se encontrava de olhos fechados, e que o tal ruído era provocado pelas suas fossas nasais. Rapidamente concluí que o senhor imergira num sono profundo, e que, como se não me bastasse ter de ouvir o diálogo entre as senhoras, teria de aguentar toda a viagem a ouvir alguém a ressonar atrás de mim ( e acreditem que muitos helicópteros produzem menos barulho do que aquele que o senhor conseguiu produzir enquanto dormia ). Foi nesta altura que mergulhei nos meus pensamentos, e me comecei a interrogar se não existiria qualquer assunto mais interessante ou, pelo menos, mais animado para que as duas senhoras conversassem.
Ora bem, tendo as senhoras, pelo menos aparentemente, mais de sessenta anos cada uma, e supondo que nenhuma delas esteve durante todo este período de tempo doente, com certeza que existiria algo mais interessante para conversarem, e eu consegui encontrar alguns aspectos, como por exemplo: os netos, os filhos, as novelas... Tudo bem, não são assuntos assim tão interessantes quanto isso, mas são pelo menos, mais animados do que doenças, médicos e hospitais. Interroguei-me logo se, quando atingir a idade daquelas mesmas senhoras, irei conversar com os meus amigos e amigas sobre o mesmo assunto, ou se irei, como faço agora, falar de futebol, videojogos, saídas à noite e situações engraçadas, entre muitos outros assuntos. Admito que, quando as senhoras tinham a minha idade, não existiam computadores pessoais, televisões, ou discotecas, mas será que dantes, nos tempos livres, as pessoas, não tendo mais nada para fazer, ficavam doentes?

Se os jovens de hoje em dia são os idosos de amanhã, e se esses idosos só vão falar de doenças, como os idosos de hoje, então eu não quero envelhecer!

Ainda a recuperar do choque, D.Parreira

4 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

acho que só há um comentário possivel: "morra jovem, permaneça belo"(va.. pelo menos com conversas de jeito, tipo a borga do dia anterior)

20 de março de 2007 às 09:18  
Anonymous Anônimo disse...

Só se pode dizer : Aproveita porque já sabes akilo k te espera. =P

20 de março de 2007 às 18:55  
Anonymous Anônimo disse...

Olha lembrei-m agr de uma coisa ... se tu és Deus , Deus não envelhece por isso parece k tás com sorte =P

22 de março de 2007 às 19:29  
Anonymous Anônimo disse...

Apesar de envelhecermos por fora, não significa que nos tornemos velhos por dentro XD

isso depende da vontade de cada um!!

14 de abril de 2007 às 19:18  

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