quinta-feira, 5 de julho de 2007

Geração X

Durante um dos meus muitos e longos períodos de introspecção e meditação, nos quais tento lembrar-me de situações ridículas ou criar teorias completamente estúpidas e descabidas sobre assuntos desinteressantes para a maioria das pessoas da minha idade com o principal objectivo de me divertir a mim próprio, passou pela minha mente uma questão para a qual ainda não consegui obter uma resposta plausível: Porque será que, hoje em dia, cerca de 90% das "pessoas" com menos de 15 anos escrevem, em média, dois "x" em cada palavra?
Este problema até nem seria tão grave como é realmente, se não fossem os inúmeros erros ortográficos completamente sem nexo e o facto de serem acrescentadas letras ás palavras sem qualquer necessidade. Ora vejamos, por exemplo, expressões como " adoruvux mtixo mnhx ninahx", ou até "ox meux amigx xao ox mlhrx do mndo", aparecem-nos hoje com muita ( sublinho: muita) frequência em programas de conversação on-line como, por exemplo, o mais utilizado pelos "cibernautas" portugueses: Msn Messenger. E são estes energúmenos que me provocam dolorosas cólicas e picadas no coração quando violam e esfaqueiam a língua portuguesa desta forma completamente bárbara.
Voltando à questão central, a primeira resposta que me ocorreu foi o facto de os "x" servirem para abreviar as palavras, ou seja, utilizar menos letras de forma a que a palavra se mantenha perceptível, permitindo a sua escrita mais rápida; mas afinal não. Esta resposta caiu logo por terra quando observei expressões como "ox meux" ( leia-se: os meus), onde a utilização do "x" não muda nada em relação à utilização do "s".
Ora bem, "se não serve para abreviar, talvez seja porque a tecla "x" se encontra numa posição mais fácil de utilizar do que a tecla "s"; mas também não. Ao olhar para o teclado do meu computador, constatei que o "s" se encontra logo acima do "x", o que desvalorizou logo esta justificação.
"À terceira é de vez", pensei, e a resposta que encontrei desta vez foi " será que as palavras ficam esteticamente melhores com a substituição de várias letras pelo "x"?"; mas afinal também não. Quando procurei nos meus contactos por expressões do género, encontrei uma que destruiu logo a minha nova tese: "ox bonx alunox vao po céu..ox maux alunox vao pa todo o lado". De certo que "ox bonx" e "ox maux" nao me pareceram expressões mais perceptíveis ou mais bonitas do que "os bons" e "os maus", portanto, tentei outra vez.
A quarta justificação que encontrei foi o facto de a língua portuguesa, sem eu saber, ter sido alterada de repente, e agora o "x" poder substituir quase todas as vinte e três letras do alfabeto lusitano; mas depois de ir rapidamente ler uma notícia qualquer no jornal, também constatei que não.
Começou a tornar-se difícil encontrar uma justificação para tanta estupidez, até que me ocorreu que essas "pessoas" seriam isso mesmo, simplesmente estúpidas; e até agora, foi a melhor justificação que encontrei. Esta resposta surgiu na minha cabeça quando tentei substituir uma frase que constava no nickname de um dos meus contactos ( situado no grupo "Other Scum"), e passo então a citar (atenção, se não estiveres sentado, puxa uma cadeira e fá-lo):"Kuanduh xou boah, xou otimah, max kuanduh xou mah, xou ainda melhor" ( eu avisei). Pois bem, analisando a fundo a "frase", trata-se de pura estupidez, agravada por uma capacidade impressionante de conseguir introduzir mais de um erro ortográfico em cada palavra.
Depois de ter chegado a esta conclusão, ainda não considerada por mim como uma certeza ou um dado adquirido, comecei a imaginar quantas voltas daria o grande Camões no seu túmulo, se pudesse observar o estado em que esta nova geração deixa, por vezes, a língua portuguesa. O género de atraso mental que provoca o aparecimento de tantas e tantas palavras mal escritas, simplesmente para estarem mal escritas, provoca-me dores muitas vezes mais intensas do que, por exemplo, um parto natural de trigémeos em fila indiana, com mais de 4 kg cada um, e deixa-me completamente enjoado o resto do dia, juntamente com o sentimento de culpa por não sair à rua para desmembrar todos aqueles que escrevem desta forma.
Após todos estes pensamentos profundos, que necessitaram de um grande esforço mental ( como é óbvio), fui ler os e-mails ( não todos os 300 que tinha por ler na caixa do correio- sendo cerca de 290 publicidade- mas sim apenas os da faculdade), e supunha eu que ia, finalmente, ler frases gramaticalmente e ortograficamente correctas, quando me deparo com uma "palavra" completamente desconhecida para mim anteriormente: "deicho"; pelo contexto, a aluna que escreveu o e-mail deveria querer escrever "x", mas tal como tudo na vida, o que desaparece de um lado, aparece do outro, e assim, um dos "ch" que faltou em várias expressões que havia lido cerca de cinco minutos antes, apareceu no lugar do "x" que deveria estar nesta palavra (que suponho que fosse "deixo", portanto).
Posto isto, decidi que não iria ler mais nada naquela noite, e decidi ir estudar, mas depois de me aperceber que para estudar teria de ler, decidi dedicar-me ao PES, para relaxar um pouco.


Ainda com cólicas provocadas por esta situação, D. Parreira

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Parreira, és o meu ídolo!!!

17 de julho de 2007 às 00:50  

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